quinta-feira, 29 de novembro de 2018

LINGUAGEM ESCRITA, ORAL E EMPREGO DE JARGÃO - texto de Cláudio Cassimiro Dias.




                                                                                                        * CLÁUDIO CASSIMIRO DIAS


                Tenho conversado com alguns colegas comunicadores, jornalistas, radialistas e blogueiros, e vez em quando surgem algumas dúvidas sobre alguma expressão utilizada, por um ou outro representante de determinada classe trabalhadora, grupos de pessoas, tribos e linguagem de moradores de determinados locais.
                A formação da linguagem, como todos sabemos, reúne uma gama de elementos, dentre eles culturais, sociais, de costumes, dentre outros.
                Falarei aqui do meio no qual convivo ou convivi, por exemplo na linguagem dos estudiosos do Direito, onde o emprego do Juridiquês é uma constante, com expressões particulares e comuns aos empregadores das leis, apesar de ser considerado o uso excessivo de terminologia jurídica, por quem é de fora, ou seja, para quem não é atido aos estudos jurídicos, para quem - digamos assim - não é do ramo.
                Mas, não vemos isso, só no meio jurídico, percebemos o emprego de terminologias, em determinadas comunidades, que são afetas somente aos moradores do local, como por exemplo gírias, expressões, neologismos específicos de quem cria e repercute determinadas palavras e expressões.
                Como professor, percebi o esforço feito pelos meus colegas docentes, em empregar da maneira mais correta possível, nossa complexa língua portuguesa, para que os alunos absorvam a importância da linguagem culta nos estudos, mesmo que no dia a dia, utilizemos uma linguagem menos preocupada com aspectos gramaticais, filológicos e de estrutura formal. Ou seja, a linguagem utilizada nos nossos diálogos cotidianos difere da linguagem utilizada nos meios acadêmicos, matérias técnicas, etc.
                Na área da Segurança Pública, na qual atuei também como policial, e atuo como criminólogo pesquisador percebemos o emprego de um jargão próprio aos que militam no dia a dia com a criminalidade e com as mazelas sociais, onde muitas das vezes precisa se comunicar em códigos e com palavras próprias da categoria. Os policiais possuem jargões, em todo o mundo, sendo que algumas expressões são mais antigas, e vão caindo em desuso, e outras podem surgir.
                Uma categoria que usa muitas expressões próprias a matéria é a dos economistas, pois o economês parece até uma outra língua, se as expressões são escutadas por leigos ao assunto. Mas, como não sou economista, me aterei as expressões e comunicações orais que conheço.
                Como professor, nos cursos de formação da Polícia Militar de Minas Gerais pude perceber a preocupação dos gestores, com uma formação de excelência por parte dos policiais alunos da Academia da Polícia Militar. Isso não quer dizer que o jargão policial não possa ser utilizado, pois faz parte de uma cultura que passa dos mais antigos para os mais novos.                 No entanto, o uso correto da língua portuguesa é obrigação de todos os brasileiros, como forma de valorização do idioma pátrio, e padronização de comunicação das pessoas de uma mesma Nação.
                Por isso, ao se comunicar com as pessoas, os policiais e todas as categorias de profissionais devem pautar pelo uso da língua, mesmo que com o emprego do Português corriqueiro, em não utilizar o jargão interno e afeto a uma categoria ou grupo.
                O que quero dizer com isso, é que a comunicação com o público externo em geral deve ser sem o emprego de expressões afetas somente a determinado grupo.
                Suponhamos que um economista, policial ou médico vai conceder uma entrevista e simplesmente se comunica com o público utilizando palavras ou expressões desconhecidas por quem assistirá ou ouvirá a entrevista.
Percebem a necessidade de uma comunicação na língua formal, padrão da língua portuguesa, para que todos entendam e se façam entender?
Bom, fica aqui somente minhas singelas colocações sobre um assunto que é muito importante, e, portanto, carece ainda ser explorado e tratado, mas, não tenho a pretensão de criticar, nem dizer que é certo ou errado, mas tão somente, trazer a reflexão de todos que trabalham e atendem pessoas, cada qual no seu universo de atuação, mas, com um foco principal, em atender bem e ser compreendido na fala, e nas ações.

* CLÁUDIO CASSIMIRO DIAS É ACADÊMICO DA ACADEMIA DE LETRAS DA PMMG, CRIMINÓLOGO PÓS GRADUADO PELA PUC MINAS, BACHAREL EM DIREITO, LICENCIADO EM HISTÓRIA.

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