* CLÁUDIO CASSIMIRO DIAS
Tenho
conversado com alguns colegas comunicadores, jornalistas, radialistas e
blogueiros, e vez em quando surgem algumas dúvidas sobre alguma expressão
utilizada, por um ou outro representante de determinada classe trabalhadora,
grupos de pessoas, tribos e linguagem de moradores de determinados locais.
A
formação da linguagem, como todos sabemos, reúne uma gama de elementos, dentre
eles culturais, sociais, de costumes, dentre outros.
Falarei
aqui do meio no qual convivo ou convivi, por exemplo na linguagem dos estudiosos
do Direito, onde o emprego do Juridiquês é uma constante, com expressões
particulares e comuns aos empregadores das leis, apesar de ser considerado o uso
excessivo de terminologia jurídica, por quem é de fora, ou seja, para quem não é
atido aos estudos jurídicos, para quem - digamos assim - não é do ramo.
Mas,
não vemos isso, só no meio jurídico, percebemos o emprego de terminologias, em
determinadas comunidades, que são afetas somente aos moradores do local, como
por exemplo gírias, expressões, neologismos específicos de quem cria e
repercute determinadas palavras e expressões.
Como
professor, percebi o esforço feito pelos meus colegas docentes, em empregar da
maneira mais correta possível, nossa complexa língua portuguesa, para que os
alunos absorvam a importância da linguagem culta nos estudos, mesmo que no dia
a dia, utilizemos uma linguagem menos preocupada com aspectos gramaticais, filológicos
e de estrutura formal. Ou seja, a linguagem utilizada nos nossos diálogos
cotidianos difere da linguagem utilizada nos meios acadêmicos, matérias técnicas,
etc.
Na
área da Segurança Pública, na qual atuei também como policial, e atuo como criminólogo
pesquisador percebemos o emprego de um jargão próprio aos que militam no dia a
dia com a criminalidade e com as mazelas sociais, onde muitas das vezes precisa
se comunicar em códigos e com palavras próprias da categoria. Os policiais
possuem jargões, em todo o mundo, sendo que algumas expressões são mais antigas,
e vão caindo em desuso, e outras podem surgir.
Uma
categoria que usa muitas expressões próprias a matéria é a dos economistas,
pois o economês parece até uma outra língua, se as expressões são escutadas por
leigos ao assunto. Mas, como não sou economista, me aterei as expressões e
comunicações orais que conheço.
Como
professor, nos cursos de formação da Polícia Militar de Minas Gerais pude
perceber a preocupação dos gestores, com uma formação de excelência por parte dos
policiais alunos da Academia da Polícia Militar. Isso não quer dizer que o
jargão policial não possa ser utilizado, pois faz parte de uma cultura que
passa dos mais antigos para os mais novos. No
entanto, o uso correto da língua portuguesa é obrigação de todos os
brasileiros, como forma de valorização do idioma pátrio, e padronização de
comunicação das pessoas de uma mesma Nação.
Por
isso, ao se comunicar com as pessoas, os policiais e todas as categorias de
profissionais devem pautar pelo uso da língua, mesmo que com o emprego do
Português corriqueiro, em não utilizar o jargão interno e afeto a uma categoria
ou grupo.
O
que quero dizer com isso, é que a comunicação com o público externo em geral
deve ser sem o emprego de expressões afetas somente a determinado grupo.
Suponhamos
que um economista, policial ou médico vai conceder uma entrevista e
simplesmente se comunica com o público utilizando palavras ou expressões
desconhecidas por quem assistirá ou ouvirá a entrevista.
Percebem a
necessidade de uma comunicação na língua formal, padrão da língua portuguesa,
para que todos entendam e se façam entender?
Bom, fica aqui
somente minhas singelas colocações sobre um assunto que é muito importante, e,
portanto, carece ainda ser explorado e tratado, mas, não tenho a pretensão de
criticar, nem dizer que é certo ou errado, mas tão somente, trazer a reflexão
de todos que trabalham e atendem pessoas, cada qual no seu universo de atuação,
mas, com um foco principal, em atender bem e ser compreendido na fala, e nas
ações.
* CLÁUDIO CASSIMIRO DIAS É ACADÊMICO DA ACADEMIA DE LETRAS DA PMMG, CRIMINÓLOGO PÓS GRADUADO PELA PUC MINAS, BACHAREL EM DIREITO, LICENCIADO EM HISTÓRIA.
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