segunda-feira, 2 de abril de 2018

Morreu Winnie Mandela.


Mulher de Nelson Mandela nos anos que ele passou na prisão de Robben Island, tinha 81 anos. Também ela foi várias vezes presa pelo regime do apartheid.
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Combatente anti-apartheid na África do Sul e mulher de Nelson Mandela quando ele esteve preso em Robben Island, Winnie Madikizela-Mandela morreu esta segunda-feira, aos 81 anos.
A sua assistente pessoal, Zodwa Zwane, confirmou a morte. Segundo o porta-voz da família, Victor Dlamini, num comunicado divulgado pouco depois, a mulher a que alguns sul-africanos chamam "a mãe da pátria", “morreu em paz e rodeada pela família”.
“Ela lutou valentemente contra o estado de apartheid e sacrificou a sua vida pela liberdade do país”, lê-se no comunicado. “Ela manteve viva a memória do seu encarcerado marido Nelson Mandela nos anos de Robben Island e ajudou a dar à luta pela justiça na África do Sul um dos seus rostos mais reconhecíveis.”
Nascida em Bizana, na província do Cabo Oriental em 1936, Madikizela-Mandela mudou-se para Joanesburgo onde estudou para ser assistente social. Em 1957, conheceu o advogado e activista anti-apartheid Nelson Mandela – casaram um ano depois.
Tiveram duas filhas juntos mas a vida de casal não durou muito. Mandela foi preso em 1963 e condenado a prisão perpétua por traição, acabando por ser libertado em 1990.
Em 1969, Madikizela-Mandela tornava-se numa das primeiras pessoas detidas ao abrigo da Sessão 6 da Lei do Terrorismo de 1967. Passou 18 meses em solitária na Prisão Central de Pretória, antes de ser acusada sob a Lei da Supressão do Comunismo, de 1950.
Várias vezes detida, foi colocada em prisão domiciliária no seu subúrbio do Soweto, em Joanesburgo. Em 1977, pôde escolher entre viajar para a Suazilândia ou ficar no seu país. Por ter escolhido a segunda opção, que significava também continuar a lutar, foi enviada para a cidade agrícola de Brandfort – aqui, a casa que lhe foi destinada não tinha tecto, chão, água ou electricidade.
Em 1991, foi condenada por rapto e cumplicidade no ataque de Stompie Seipei, quando um adolescente suspeito de ser um informador foi morto por um membro do seu grupo de guarda-costas, o Mandela United Football Club. Os guarda-costas tinham raptado Stompie Moeketsi, de 14 anos, em 1989, juntamente com três jovens, da casa do líder religioso metodista Paul Verryn.
Madikizela-Mandela foi condenada a seis anos de cadeia, mas em recurso a pena foi reduzida a uma multa e a dois anos de pena de prisão suspensa.
Quando apareceu perante o arcebispo Desmond Tutu nas audiências da Comissão de Verdade e Reconciliação negou o envolvimento em quaisquer assassínios, mas existiam testemunhos que a implicavam. "Ela foi uma tremenda apoiante da nossa luta, e um ícone da libertação, mas a certa altura algo correu horrivelmente mal", disse Tutu.
O casamento de Nelson e Winnie começou a correr mal pouco depois da libertação do que viria a ser o primeiro Presidente negro da África do Sul, em 1990 e a separação aconteceu dois anos depois. O divórcio chegou só 1997, quando uma disputa legal revelou o seu caso com um jovem guarda-costas, 37 anos depois de se terem casado e três anos depois da eleição do Nobel da Paz para a presidência.
Para a história ficariam as fotos tiradas com o casal de mãos dadas e o braço livre erguido na caminhada da saída da prisão de Mandela, a 10 de Fevereiro de 1990.
Nas primeiras eleições democráticas de 1994, em que Mandela foi eleito Presidente, Madikizela-Mandela foi eleita deputada. Pouco depois era nomeada ministra-adjunta das Artes e da Cultura – foi despedida por Mandela depois de uma viagem não autorizada ao Gana.
Depois de uma condenação por fraude em 2003, conseguiu reabilitar a sua carreira política, sendo eleita para o Parlamento em 2009. Nunca mais perdeu o seu lugar, mas nos últimos anos participou em muito poucas sessões. Desde o início do ano, tinha estado algumas vezes hospitalizada.
Em 2016, três anos depois da morte do ícone maior da luta contra o apartheid e da reconciliação sul-africana, Madikizela-Mandela recebeu a Ordem de Luthuli pela “excelência da sua contribuição na luta pela libertação do povo da África do Sul”.

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