Em depoimento à Polícia Federal no dia 4 de março, data
em que foi conduzido de forma coercitiva na Operação Lava Jato, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou da investigação do
Ministério Público de São Paulo que apura o caso tríplex.
Os
promotores Cássio Conserino, José Carlos Blat e Fernando Henrique Araujo
sustentam que o apartamento 164-A, no Condomínio Solaris, no Guarujá, é
de Lula. O ex-presidente foi denunciado por lavagem de dinheiro e
falsidade ideológica pelos promotores, que também pediram sua prisão
preventiva.
Na parte final do depoimento, o delegado da PF cita o
ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, ex-presidente da Cooperativa
Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop). O tríplex que seria
de Lula faz parte de uma lista de imóveis da Bancoop, adquiridos pela
empreiteira OAS.
"Está ótimo. Eu espero que quando terminar isso
aqui alguém peça desculpas. Alguém fale: 'Desculpa, pelo amor de Deus,
foi um engano'", afirmou Lula. À Polícia Federal, o ex-presidente
reclamou ainda da intimação feita à ex-primeira-dama Marisa Leticia. A
mulher do petista foi convocada para prestar depoimento no caso tríplex.
"Porque,
é o seguinte, eu tenho uma história de vida, eu tenho uma história de
vida, a minha mulher com 11 anos de idade já trabalhava de empregada
doméstica e minha mulher prestar um depoimento sobre uma porra de um
apartamento que não é nosso?! Manda a mulher do procurador vir prestar
depoimento, a mãe dele. Por que que vai minha mulher?", questionou Lula.
Em
outro trecho do depoimento, o petista desabafou. "Eu acho que eu estou
participando do caso mais complicado da história jurídica do Brasil,
porque tenho um apartamento que não é meu, eu não paguei, estou querendo
receber o dinheiro que eu paguei, um procurador disse que é meu, a
revista Veja diz que é meu, a Folha diz que é meu, a Polícia Federal
inventa a história do tríplex que foi uma sacanagem homérica, inventa
história de tríplex, inventa a história de uma offshore do Panamá que
veio pra cá, que tinha vendido o prédio, toda uma história pra tentar me
ligar à Lava Jato (...), porque foi essa a história do tríplex.
E
continuou: "Ou seja, aí passado alguns dias descobrem que a empresa
offshore não era dona do tríplex, que dizem que é meu, mas era dona do
tríplex da Globo, era dono do helicóptero da Globo. Aí desaparece o
noticiário da empresa de offshore. A empresária panamenha é solta
rapidamente (...) porque não era dona do Solaris que dizem que é do
Lula, ela é dona do Solaris que dizem que é do Roberto Marinho, lá em
Paraty. E desapareceu do noticiário".
"E eu fico aqui que nem um
babaca respondendo coisas de um procurador, que não deve estar de boa
fé, quando pega a revista Veja a pedido de um Deputado do PSDB do Acre e
faz uma denúncia. Então eu não posso me conformar. Como cidadão
brasileiro, eu não posso me conformar com esse gesto de leviandade",
disse o ex-presidente.
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