sábado, 15 de março de 2014

Risco de desabastecimento e racionamentode água não evita desperdício em BH Problemas vão desde vazamentos nas ruas até calçadas lavadas com mangueira. Enquanto isso, outras cidades mineiras adotam medidas para garantir o abastecimento




Gustavo Werneck

Publicação: 15/03/2014 06:00 Atualização: 15/03/2014 07:04


No Cidade Nova, Região Nordeste, empregado de uma casa, lançava a água para, segundo ele, %u201Ctirar o pó da calçada (EULER JÚNIOR/EM/D.A PRESS)
No Cidade Nova, Região Nordeste, empregado de uma casa, lançava a água para, segundo ele, %u201Ctirar o pó da calçada

Calçadas “varridas” com água de mangueira, hidrantes que não param de pingar, torneiras estragadas ou mal fechadas em casas e lojas, toldos lavados com exagero, canos arrebentados em praças e avenidas e ainda os populares “gatos” (furtos). São muitas as causas de desperdício em Belo Horizonte e no interior. Mesmo diante da longa estiagem e consequente redução nos reservatórios, com risco de desabastecimento, a capital segue desperdiçando à vontade, menos quem já percebeu o tamanho da escassez e faz racionamento por conta própria. Enquanto isso, outras cidades mineiras adotam medidas para garantir o abastecimento.
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Para quem gosta de ficar muito tempo no banheiro, é bom saber que 30% do consumo doméstico vai para sanitários, chuveiros e pias. E mais: 10 segundos apertando a descarga representam 20 litros descendo pelo vaso. Uma boa notícia é que, segundo a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), o consumo médio diário de água na capital e região metropolitana é de 200 litros por habitante, o dobro do preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Mesmo com a boa oferta, é bom ficar atento às dicas de economia.

A água caindo do hidrante chamou a atenção de Renata Melo, casada, mãe de dois filhos, moradora do Bairro Bandeirantes, na região da Pampulha. Aproveitando o horário do almoço para fazer caminhada, ela se surpreendeu ao ver o equipamento com defeito na esquina da Avenida Novara com a Rua Palermo. “Na terça-feira, houve um vazamento grande do outro lado da rua. Esguichou muita água mesmo, veio uma equipe e fez o reparo”, diz Renata, indicando um trecho do passeio recém-cimentado e com faixa de segurança. “De gotinha em gotinha vamos perdendo um bem que vale ouro”, afirmou a gestora de processos industriais.

Mãe de dois adolescentes, Renata lembrou que a consciência é o mais importante para evitar perdas. “Em casa, fazemos o controle do consumo mensal de água para não passarmos do limite. Fico com medo de haver racionamento e sermos obrigados a acabar com a nossa horta. Água vale ouro e temos que saber bem disso”, ensina, lembrando que também aproveita água da chuva.
Água jorrando fora do canteiro é cena comum na capital (EULER JÚNIOR/EM/D.A PRESS)
Água jorrando fora do canteiro é cena comum na capital

Torneiras abertas


Basta andar pelos bairros, em todas as regionais da capital, principalmente pela manhã, para ver que a vassoura sempre é substituída pela mangueira na hora da faxina. Nessa sexta-eira não foi diferente, quando a reportagem do Estado de Minas percorreu bairros de classe média alta e de baixa renda. Na Rua Martin Luther King, no Cidade Nova, Região Nordeste, Elias Vieira de Jesus, empregado de uma casa, lançava a água para, segundo ele, “tirar o pó de asfalto, areia e resíduos” que ficam na calçada. Moradora do endereço há 42 anos, a proprietária Nancy Maria Ferreira explicou que o passeio, agora, só é lavado uma vez por semana. “A gente fica preocupada, pois pode faltar água”. Ouvindo a conversa, Elias complementou: “O planeta precisa desse recurso, sem ele não tem vida”. E fechou a torneira.

Já na Rua Gustavo da Silveira, no Instituto Agronômico, Região Leste, o aposentado Nilton Ramos lavava tranquilamente a calçada. “Só faço isso de 15 em 15 dias. E aproveito para molhar o meu pezinho de boldo”, apontou a planta de poderes medicinais em frente à casa.

Na Avenida Silviano Brandão, no Bairro Floresta, funcionárias de lojas de móveis também se dedicavam ao trabalho – com muita água. “Aqui tem muita poeira, então não tem outro jeito”, revelou uma faxineira. Quase ao lado, outra empregada explicava que “isso só ocorre uma vez por mês”.

No Bairro Santa Lúcia, Região Centro-Sul, não foi diferente. Na portaria de um prédio, a faxineira molhava as escadas e a rampa de acesso ao estacionamento, enquanto a vassoura “descansava” ao lado, sem qualquer serventia no momento.

Na quinta-feira, o vazamento, já corrigido, de um cano numa praça do Bairro Milionários, no Barreiro, causou a interrupção do fornecimento de água a consumidores da Avenida Olinto Meireles. Mas, por volta das 11h de ontem, um lojista parecida não se incomodar com o desperdício. Sobre um caminhão, dois homens jogavam água sobre o toldo do comércio, que escorria pela carroceira e formava um “riacho” na avenida.

Em uma oficina mecânica, na mesma avenida, uma torneira pingava havia vários dias – um bombeiro se preparava para trocar a bucha, quando, num gesto prosaico, apenas torceu a parte de cima. “Não era nada, apenas estava mal fechada”, tranquilizou e foi embora. Ainda na Avenida Olinto Meireles, os esguichos (de irrigação) parecem desregulados, molhando grande parte da calçada e obrigado os pedestres a mudar de rota para não se molhar.

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