Advogada acredita que a condenação dos policiais não traduz a vontade da população brasileira
DA REDAÇÃO
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FOTO: MARCELO CAMARGO/ABR
Plenário
do Fórum da Barra Funda, na zona oeste, onde 26 policiais militares
foram julgados pelo caso que ficou conhecido há mais de 20 anos como o
Massacre do Carandiru
A advogada Ieda Ribeiro de Souza, que defende os 26 réus do Massacre do
Carandiru, disse que já recorreu da sentença que condenou 23 dos 26
policiais militares acusados da morte de 13 detentos no massacre,
proferida na madrugada deste domingo (21). O juiz José Augusto Nardy
Marzagão, que presidiu o julgamento, fixou a pena em 156 anos de
reclusão para cada um, em regime inicial fechado.
A advogada disse acreditar que a condenação dos policiais não traduz a
vontade da população. “Eu vi [a decisão] com muita frustração. Foi uma
decisão por maioria de votos. Na verdade, por diferença de um voto e
isso não reflete a vontade da sociedade brasileira”, disse. “É possível
sempre ter um novo julgamento. Vou ter um novo conselho de sentença, vou
ter novas pessoas trabalhando para entender esse caso, não ficar só nas
informações externas a ele”. Para Ieda, é possível que o julgamento
seja anulado.
O Massacre do Carandiru ocorreu em 2 de outubro de 1992 e terminou com a
morte de 111 presos. Ao todo, 79 policiais militares foram acusados,
mas o caso precisou ser desmembrado em quatro partes devido à sua
complexidade.
Na primeira parte, concluída hoje, 26 policiais militares integraram,
inicialmente, o grupo de réus, mas três deles (Roberto Alberto, Eduardo
Espósito e Mauricio Marchese Rodrigues) foram absolvidos a pedido da
promotoria. Eles respondiam pela morte de 15 presos que ocupavam o
Pavilhão 9 da extinta Casa de Detenção, mas o número de vítimas foi
reduzido para 13, pois uma delas foi atingida por arma branca
(possivelmente de um companheiro de cela) e a outra foi encontrada em um
outro pavimento. A responsabilidade pela morte dessa última vítima vai
ser transferida para um dos próximos três julgamentos, que devem ocorrer
ainda neste ano.
Fernando Pereira da Silva, um dos promotores que atuaram no caso,
declarou não acreditar que a decisão do júri popular seja revertida. “A
decisão me parece muito bem fundada e não acredito em uma reversão da
decisão pelo Tribunal do Júri”.
Durante o julgamento, a acusação temia que a tese de que “bandido bom é
bandido morto” pesasse sobre a decisão dos sete jurados. Após o
pronunciamento da decisão, porém, o promotor mostrou-se satisfeito com o
resultado que, segundo ele, valorizou as vidas perdidas. “Uma
preocupação que nos trazia era justamente a população entender que a
vida do ser humano não é descartável. A invisibilidade social daqueles
indivíduos que estavam presos naquela época não podem ser deixadas de
lado, não podem prevalecer sobre o cumprimento da lei”, disse.
Agência Brasil
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