Autor: Cláudio
Cassimiro Dias
No leito sozinho de um hospital
As horas parecem judiar de mim
O suor frio e com gosto de sal
Passam longe do cheiro de carmim.
Em momentos outros já vivi glórias
Agora prostrado e fraco divido os minutos
Em fatias instantâneas de sofrimento
Entremeado em dor e lamento.
A cabeça hora erguida ou caída
Pendendo para um lado ou outro
Vira o corpo de maneira lenta
Um gruído de insatisfação e desconforto.
Surge um vulto obscuro e calado
Que deixa o sonho ainda mais gelado
Uma voz tenta dar forças ao paciente
Mas impaciente está o morimbundo.
Uma cama que se levanta atrás
Um carrinho de dieta passa no corredor
Uma enfermeira troca a sonda
E abre o oxigênio invisível.
Outro leito se desfaz, cadê aquele rapaz?
Não responde, não está aqui mais
Fez a viagem misteriosa e desconhecida
Para outra casa ou outra vida.
Vamos trilhar melhor nosso caminho
Antes que seja tarde e sem retorno
Um pensamento lúcido e cotidiano
A viver o sonho a viver a sina.
Leito sobreposto a leito
Corpos sobrepostos a corpos
E outro se vem e se vai
Aqui estou a espreitar o que virá.
O sol em seus primeiros raios
Invade a janela do olhar distante
Um dia a mais lhe invade a mente
E então... se vai de repente... ao vento... ao
leu.
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