quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Hospital regional pode ser interditado


Após surto da superbactéria KPC, Secretaria de Estado de Saúde cogita fechar a unidade para fazer desinfecção
Publicado no Super Notícia em 26/09/2012
LUCIENE CÂMARA
FOTO: JOÃO MIRANDA / OTEMPO
A Secretaria de Estado de Saúde (SES) estuda a possibilidade de fechar setores do Hospital Regional de Betim, na região metropolitana, para desinfecção e controle do surto da superbactéria KPC, que já contaminou pelo menos 22 pacientes da unidade apenas neste ano.

Na tarde de ontem, a Comissão Estadual de Controle de Infecções foi ao local para averiguar se as medidas emergências de prevenção, recomendadas há uma semana pelo órgão, foram tomadas. Se as ações não estiverem em andamento, a SES pode fechar os setores mais contaminados.
O laudo da vistoria de ontem deve sair em cerca de uma semana. A secretaria não deu detalhes sobre a possível interdição, como a duração, quantos profissionais ficariam à cargo dos trabalhos ou para onde iriam os pacientes.

A reportagem de O TEMPO já mostrou que a proliferação atinge as alas de clínica médica, centro cirúrgico, pronto-socorro e neurologia, de acordo com documentos internos assinados pela própria direção do hospital. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) investiga, ainda, denúncias de presença da KPC na pediatria.

O surto foi confirmado na última sexta-feira, 21, após vistoria feita pela SES no Regional, com base em denúncia de funcionários. No local, a secretaria observou problemas que favorecem a transmissão da superbactéria KPC, resistente à maior parte dos antibióticos e responsável por gerar infecções nos pacientes.

Entre as falhas, o órgão observou déficit de profissionais na Comissão de Controle de Infecção Hospital (CCIH) do hospital, responsável pelas ações de prevenção, desatualização dos protocolos que norteiam as medidas de segurança e falta de capacitação dos funcionários.

A partir das deficiências, a SES elaborou um relatório que foi entregue ao hospital na semana passada, com pedidos de adequação. "As áreas física e de recursos humanos deficientes comprometem o processo de trabalho, favorecendo a disseminação de microrganismos", declarou o órgão, em nota.
Em SC, unidade foi fechada
Em Florianópolis (SC), uma morte causada pela superbactéria KPC causou o fechamento do pronto-socorro do Hospital Regional de São José. A unidade ficou fechada por três dias para desinfecção e, nesse período, as urgências e emergências foram direcionadas para outros hospitais.

O diretor de Vigilância Epidemiológica do Estado, Fábio Gaudenzi de Faria, disse que a interdição permite a limpeza correta do ambiente. "Em outra situação, fechamos o centro cirúrgico por conta de 20 casos de KPC. Os pacientes foram transferidos para uma outra ala. Isso permitiu uma desinfecção mais ampla. Se tiver paciente, a limpeza nunca fica completa", explicou. (LC)
Pacientes expostos
O aposentado Raimundo Dias, 48, ficou internado durante dois meses ao lado de um paciente com a superbactéria. "O rapaz que estava ao meu lado acabou morrendo. Ninguém nos avisou que ele estava com essa doença e ninguém tomou precauções de contato" disse.

Quem não escapou da KPC foi o aposentado Hetelvino José Gonçalves, 75, que entrou no Regional andando para fazer uma cirurgia de próstata, em agosto, e saiu acamado, no último dia 21. "Os médicos dizem que ele está curado, mas acho que eles quiseram é se livrar de mais um caso de KPC. Meu pai era saudável e hoje vive com febre e tem feridas pelo corpo", contou a filha do aposentado, Adriana Gonçalves, 33. (LC)

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