Oito ônibus e dois caminhões foram incendiados por criminosos nesta
terça-feira (2) no Rio, após uma megaoperação da Polícia Militar para
acabar com a guerra entre traficantes na Cidade Alta, comunidade em
Cordovil, na Zona Norte.
A represália de criminosos contra a prisão de pelo menos 45 suspeitos
causou um caos no trânsito da cidade, já que os veículos queimados
estavam em vias expressas, usadas por motoristas para trafegar em
direção ao Centro do Rio, em horário de grande movimento. A cidade
entrou em estágio de atenção às 10h50, segundo o Centro de Operações.
Três ônibus estavam na Rodovia Washington Luiz, na altura dos acessos
da Linha Vermelha e da Avenida Brasil, sentido Juiz de Fora; quatro
ônibus estavam na Avenida Brasil, onde o caminhão também foi queimado;
além de um ônibus e outro caminhão em Cordovil, em um dos acessos à
comunidade da Cidade Alta.
Devido aos ataques, motoristas tentaram voltar na contramão e
passageiros de outros coletivos que passavam na região ficaram em
pânico. O congestionamento na cidade, por volta das 11h, atingiu 66
quilômetros — equivalente a uma viagem entre o Rio e Maricá.
Mais de 30 fuzis apreendidos
De acordo com a PM, a Cidade Alta foi alvo de uma invasão por
traficantes de comunidades rivais. Moradores relataram intenso tiroteio
durante toda a madrugada. Logo cedo, policiais do Batalhão de Operações
Especiais (Bope), do Batalhão de Ações com Cães (BAC) e dos batalhões de
Olaria (16º) e Maré (22º) fizeram cerco aos criminosos em uma
megaoperação.
Em coletiva à tarde, o secretário de Segurança do Rio de Janeiro,
Roberto Sá, disse que 45 pessoas foram presas. Foram apreendidos 32
fuzis e 10 granadas, além de outras armas. Três PMs ficaram feridos por
estilhaços.
Segundo Carlos Leba, chefe da Polícia Civil, disse que a ordem para a invasão de uma facção para tomar o tráfico de drogas na Cidade Alta saiu de uma cadeia de fora do Rio. O nome do traficante que ordenou não foi revelado para não atrapalhar a investigação.
O porta-voz da Polícia Militar, major Ivan Blaz, afirmou em entrevista à
GloboNews que o cenário de violência encontrado pela corporação “não é comum em nenhum país do mundo”.
“Não posso dizer que a missão é fácil, a missão é muito complexa.
Estamos verificando algo que não é natural. Foi uma ocorrência com 17
fuzis apreendidos, isso não é comum em nenhum país do mundo. É uma
cidade que teoricamente não está em guerra, mas estamos atuando sim”,
afirmou Blaz.
À tarde, outra confusão em um dos acessos da Avenida Brasil na Penha.
Um grupo de pessoas, incluindo menores e até crianças, saqueou um
caminhão e tentou fechar a via expressa.
O Batalhão de Choque chegou para evitar a interdição. Bombas de gás foram lançadas e o grupo dispersou. Pelo menos um homem foi detido.
Imagens de um vídeo compartilhado em redes sociais mostram o momento em que homens ateiam fogo a dois ônibus na Washington Luiz, na altura do acesso da Linha Vermelha (veja acima).
O trânsito em direção ao Rio também ficou muito lento durante a manhã. Não há informações de civis feridos.
Em redes sociais, moradores relataram medo de sair de casa e troca
intensa de tiros. Trabalhadores disseram estar com medo de sair para
trabalhar por conta do tiroteio intermitente.
O Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE), o Batalhão de
Polícia de Choque (BPChq), além do Grupamento Aeromóvel (GAM) foram
acionados em razão de ações criminosas contra coletivos na Avenida
Brasil e na Rodovia Washington Luis (BR-040), onde ônibus foram
incendiados.
12 mil alunos sem aula
A Secretaria Municipal de Educação, Esportes e Lazer informou que 28
escolas, 10 creches e 6 Espaços de Desenvolvimento Infantil e 12.576
alunos ficaram sem aulas.
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