O
mineiro Tiradentes, considerado herói nacional, lutou não
só em favor de Minas, mas também pela independência
do Brasil, num período em que não haviam direitos e que
o Brasil sofria o domínio e a exploração de
Portugal.
O dia 21 de abril é lembrado até os dias de hoje,
considerado um feriado nacional e celebrado de diversas formas nos
municípios brasileiros, principalmente nas cidades mineiras
que foram cenários para os acontecimentos que envolveram a
revolta dos Inconfidentes.
Tiradentes
é
o nome pelo qual o cidadão mineiro
Joaquim
José da Silva Xavier era conhecido no final do século
XVIII, depois de exercer uma de suas inúmeras profissões
(tais como mascate, minerador, farmacêutico, técnico em
reconhecimento de terrenos e na exploração dos seus
recursos, dentre outros), assim como o apelido prenuncia, a profissão
de dentista. Filho de um homem português com uma mulher
brasileira, era o quarto de sete irmãos. Nascido em 1746, no
distrito de Pombal, município atualmente
conhecido
como Tiradentes. O nome da cidade surgiu em homenagem ao considerado
mártir da Inconfidência Mineira.
Tiradentes
perdeu os pais e também todos os bens em função
de dívidas contraídas pela família, ainda
criança, por isso ficou sob a tutela de um padrinho e cresceu
em Ouro Preto, na época, século XVIII, conhecida como
Vila Rica. Com os conhecimentos que adquiriu em uma de suas
profissões, a de minerador, foi se aproximando do governo na
forma de prestador de serviço, o que resultou em seu
alistamento em 1780 na tropa da capitania de Minas Gerais. Na tropa
mostrou inteligência e competência nos trabalhos
concedidos a ele, o que levou a ser promovido a alferes (hoje
reconhecido como posto de oficial), fazendo parte do regimento
militar dos Dragões de Minas Gerais. Tal reconhecimento e
trabalho o levaram a se relacionar com grande parte da aristocracia
mineira, poetas, advogados e intelectuais que eram descrentes no
Estado soberano e compunham o movimento da Inconfidência
Mineira. Entre
os mais importantes Inconfidentes estavam militares, escritores de
renome, poetas famosos, magistrados e sacerdotes, como: José
Álvaro Maciel, José da Silva Rolim, Inácio de
Alvarenga Peixoto, Cláudio Manuel da Costa, Tomás
Antônio Gonzaga, Domingos Vidal Barbosa, Domingos de Abreu
Vieira, Francisco Antônio de Oliveira Lopes, dentre outros além
de Tiradentes. Este movimento visava
a emancipação de Minas e também a libertação
do Brasil da exploração da metrópole, Portugal.
Isto fica claro em um dos relatos históricos colocados por
Gerson Brasil em um de seus livros:
“A Inconfidência
não pretendia apenas libertar Minas e o Brasil do jugo da
Metrópole. Queria – e isto é o que precisa ficar bem
claro – formar aqui uma grande nação republicana, com
suas indústrias e possuindo um corpo de leis moderníssimas,
de acordo com os postulados revolucionários que agitavam a
França e por influência inglesa e francesa tinham já
sido vitoriosos nos Estados Unidos”.
Os
relatos constatam que Tiradentes possuía boa capacidade
oratória e, também por isso, começa a fazer
parte do movimento de emancipação mineira e brasileira
planejando um protesto pelas ruas da então Vila Rica. Os
Inconfidentes planejaram este ato de manifestação
pública no mesmo dia em que o governo pretendia estabelecer a
derrama, nome dado a um imposto cobrado pela coroa portuguesa para
garantir uma arrecadação de ouro satisfatória de
acordo com os padrões reais portugueses. Isso seria mais um
fator que viria a contribuir para a força e organização
do movimento dos Inconfidentes, que foi delatado, neste mesmo dia em
que programaram a realização do protesto, por um de
seus integrantes que foi procurado e indagado por mandantes do
governo e que, por possuir dívidas com a coroa portuguesa,
estava
sob
a mercê das autoridades e acabou por denunciar as pretensões
dos Inconfidentes.
Em
1789, Tiradentes e demais companheiros como Tomás Gonzaga e
Alvarenga Peixoto foram presos onde esperam o julgamento que só
aconteceu após três anos condenando todos eles a pena de
morte. Com o apelo de D.
Maria I, rainha de Portugal, e a influência do poder
sócio-econômico da
maioria dos componentes deste grupo que era levado em consideração
pelos políticos da cidade, com exceção de
Tiradentes, desprovido de benefícios sociais por sua origem
simples, os demais que sobreviveram à prisão e maus
tratos foram condenados ao exílio. Sendo assim, Tiradentes
permaneceu com a sentença de morte, assumiu toda a culpa e
responsabilidade pelo movimento que almejava a libertação
de Minas e foi condenado ao enforcamento. Para conter a população
e as influências lançadas pelo movimento, como forma de
demonstração de ordem, poder e regulamentação
da coroa, o corpo do revolucionário mineiro foi esquartejado e
suas partes expostas pela cidade de Vila São José,
atualmente
município de Tiradentes,
e outras partes expostas ao longo da Estrada Real, a mesma que levava
o ouro extraído de Minas até a cidade do Rio de
Janeiro. Uma curiosidade é que Tiradentes, líder do
movimento da Inconfidência Mineira, trabalhou na Estrada Real e
também realizou diversos discursos pelas regiões que
ela abrange, buscando adeptos às idéias e ideais e
reivindicando direitos inspirados na recente independência
Norte-Americana e pensamentos iluministas que influenciaram também
alguns países europeus, como a França. Esses
conhecimentos foram adquiridos do convívio com intelectuais e
aristocratas que tiveram melhores oportunidades que ele.
De acordo com
depoimentos e registros históricos, José Joaquim
declarava:
“Esta
terra há ser um dia maior que a Nova Inglaterra! Mas as suas
riquezas, sós as poderão alcançar, no dia em que
nos libertarmos do jugo dos portugueses para sermos os senhores da
terra que é nossa... Têm Vossas Mercês aqui todo
este povo açoitado por um só homem, e nós todos
a chorarmos como negros – ai, ai... E de três em três
anos vem um, e leva um milhão; e os criados levam outro tanto;
e como hão de passar os pobres filhos da América? Se
fosse outra nação já se tinha levantado!”.
Segundo historiadores,
este homem corajoso se levantou a clamar por todo o Estado de Minas
Gerais, morreu pela causa: “Liberdade ainda que tardia!” e
contribuiu para a transformação cultural nacional e
regional, transformando um lugar desprovido de direitos sociais,
desenvolvimento industrial, constituição e no qual o
povo sofria com os altos impostos cobrados pela metrópole, em
uma república onde reina a liberdade por mais de um século.
Em
Minas será celebrada, mais uma vez, a data que marcou o início
do sonho da liberdade nacional e regional, embrionário em
Tiradentes, mas que tomando maiores proporções é
digno de ser celebrado principalmente no estado berço do
revolucionário. Acontecimentos em Ouro Preto, São João
del-Rei e Tiradentes, principais locais por onde se deu a história
do líder e do movimento da Inconfidência Mineira,
movimentam o Estado de Minas Gerais. Tradicionalmente em Ouro Preto,
há a entrega da medalha da Inconfidência pelo Governador
de Minas. Esta solenidade acontece com a chegada do fogo simbólico
a cavalo, que a partir do dia 15 de abril estará passando por
um trajeto que envolve diversos municípios mineiros até
a chegada na Praça de Ouro Preto onde haverá outras
celebrações e exposições
artístico-culturais sobre o herói mineiro. O município
de São João Del Rei
participa
não só da passagem do fogo simbólico, mas também
dos espetáculos que encenam parte da história
vivenciada há dois séculos pela cidade. O município
de Tiradentes, que carrega o nome do Inconfidente honrado nesta data,
não podia faltar na sua celebração, na qual irá
mobilizar grande parte da cidade com mostras de cinema, bandas com
apresentações musicais e concertos, escolas com
manifestações educativo-culturais e aposição
de flores no monumento que honra o homenageado do dia. Nos demais
municípios, há também celebrações
de diversos caracteres como: apresentações de bandas
municipais que geralmente executam o hino nacional, declamações
de poesias, mostras de cinema e outras manifestações
culturais que evocam esta data de mesma importância,
relembrando a história e a cultura regional, o que remete a
algumas das principais características mineiras, valores e
tradição.
Minas, estado de grande
riqueza de idéias, além, claro, de suas reconhecidas
riquezas materiais, serviu de palco e cenário para grandes
carnavais, para celebrações religiosas, também
para lutas e revoluções e para formação e
transformação de idéias. Além disso,
serviu de berço para a formação de importantes
figuras do cenário brasileiro, internacional e regional. É
neste mesmo estado que o mineiro Tiradentes declarou “se dez vidas
eu tivesse, dez vidas eu daria” e a entregou pelo Brasil, ao certo,
por Minas também, onde depositou sua fé e vida.
FONTE:
*Texto
elaborado pela Diretoria de Informação e Fomento da
Superintendência de Ação Cultural. Entre em
contato caso deseje conhecer as referências utilizadas. (31)
3269-1119
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