BRUNO FÁVERO
RENAN MARRA
BELA MEGALE
FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO
MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA
NATUZA NERY
EDITORA DO PAINEL
BELA MEGALE
FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO
MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA
NATUZA NERY
EDITORA DO PAINEL
04/03/2016 06h23
A Polícia Federal realiza na manhã desta sexta-feira (4) a 24ª fase da Operação Lava Jato
no prédio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seu filho
Fábio Luíz Lula da Silva –também conhecido como Lulinha. Essa fase da
operação, batizada de Aletheia, apura se empreiteiras e o pecuarista
José Carlos Bumlai favoreceram Lula por meio do sítio em Atibaia e o
tríplex no Guarujá. O ex-presidente nega as acusações.
A Folha apurou com integrantes da defesa do ex-presidente que
Lula está sendo levado para o aeroporto de Congonhas, onde deve prestar
depoimento à Polícia Federal. Congonhas seria um lugar mais seguro para
que Lula prestasse depoimento. A informação disponível até agora é a de
que ele não será conduzido a Curitiba. Orlando Silva (PC do B-SP) já
está no aeroporto. Há relatos de que um comboio semelhante ao que levou
Lula já chegou ao local.
O ex-presidente é alvo de mandado de busca e apreensão e de condução
coercitiva (quando o investigado é obrigado a depor). Os advogados dele
tinham entrado com habeas corpus para evitar a medida, mas ele valia só
para São Paulo, e não para Curitiba, de onde despacha o juiz federal
Sergio Moro, conforme informações dadas à Folha. Lula reagiu bem
quando a PF bateu à sua porta. Segundo relatos, o petista estava
"tranquilo" dos momentos iniciais até a condução coercitiva.
Os carros da PF chegaram às 6h à sua casa, em São Bernardo. Quatro
carros entraram na garagem do prédio e cerca de dez agentes ficaram na
portaria. A mulher de Lula, dona Marisa, não está na condução
coercitiva.
Cerca de 200 agentes da PF e 30 auditores da Receita Federal cumprem, ao
todo, 44 mandados judiciais, sendo 33 mandados de busca e apreensão e
11 de condução coercitiva no Rio de Janeiro, em São Paulo e na Bahia.
São investigados crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, entre
outros, relacionados à Petrobras. A determinação da busca e apreensão é
do juiz Moro, de Curitiba.
Na casa de Lulinha, em Moema, dois carros da PF e um da Receita Federal
são usados na diligência. Os agentes chegaram ao prédio dele às 6h e não
falaram com a imprensa. Moradores relatam movimentação intensa da PF no
interior do prédio.
Há também agentes da PF no Instituto Lula e na Odebrecht. Há mandados
para Atibaia e Guarujá, onde estão sítio e tríplex, respectivamente,
além de Santo André e Manduri.
A PF realiza busca e apreensão na casa e na empresa do outro dono do
sítio no papel, Jonas Leite Suassuna Filho, que também é sócio de
Lulinha.
Sindicalistas estão protestando em frente à casa de Lula.
ALVOS
Além de Lula, entre os alvos dessa fase da Lava Jato estão a mulher
dele, Marisa, os filhos Marcos Cláudio, Fábio Luis e Sandro Luis, e a
nora Marlene Araújo.
Na lista de alvos também estão os empresários Fernando Bittar e Jonas
Leite Suassuna Filho, assim como Paulo Okamotto, presidente do Instituto
Lula.
Entre as empresas há a empreiteira OAS e a Gamecorp –do filho de Lula, Fabio Luis.
Na capital paulista, são 18 mandados de busca e apreensão e seis de
condução coercitiva; em São Bernardo, cinco de busca e apreensão e dois
de condução coercitiva; Atibaia, duas buscas e apreensões e uma condução
coercitiva; Guarujá, uma busca e apreensão; Diadema, uma busca e
apreensão e uma condução coercitiva; em Santo André, uma busca e
apreensão, assim como em Manduri.
No Rio de Janeiro (RJ) estão sendo cumpridos dois mandados de busca e
apreensão. Já em Salvador, na Bahia, são duas buscas e apreensões e uma
condução coercitiva.
OUTRO LADO
Diante das acusações de Delcídio, o Instituto Lula divulgou nota, nesta
quinta, afirmando que o "ex-presidente Lula jamais participou, direta ou
indiretamente, de qualquer ilegalidade, seja nos fatos investigados
pela operação Lava Jato, ou em qualquer outro, antes, durante ou depois
de seu governo".
ALETHEIA
Aletheia é uma palavra grega que significa "verdade" e, também,
"realidade", "não-oculto", "revelado", entre outras asserções. Na
filosofia, notadamente nos escritos do alemão Martin Heidegger
(1889-1976), o sentido original de "revelação" é recuperado: para o
pensador, aletheia é a verdade objetiva, desvelada, contrapondo-se à
verdade descrita convencional.
O termo é comumente usado na psicologia também, quando se trata da busca
por uma verdade além das aparências. Heidegger, um dos mais influentes
filósofos do século 20, teve a reputação tisnada por colaborar com o
nazismo, mas sua obra permaneceu.
DELCÍDIO
A ação é realizada um dia após ser revelado um acordo de delação premiada
do senador Delcídio do Amaral (PT-MS). O parlamentar revelou que Lula
mandou comprar o silêncio de Nestor Cerveró e de outras testemunhas.
Detalhes do acordo foram veiculados pelo site da revista "IstoÉ", que
publicou reportagem com trechos dos termos de delação. A informação de
que Delcídio fechou acordo de delação premiada foi confirmada à Folha por pessoas próximas às investigações da Lava Jato.
O senador também diz que Dilma Rousseff usou sua influência para evitar a
punição de empreiteiros, ao nomear o ministro Marcelo Navarro para o
STJ. O ministro Teori Zavascki, do STF, decidirá se homologa ou não a
delação.
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